por Fernando Angeoletto
“O que é feito aqui em São Paulo é paradigma para o mundo.” Foi com esta afirmação que o prefeito Fernando Haddad (PT) iniciou sua fala no ato que apresentou ao público o primeiro lote de composto orgânico produzido a partir dos resíduos de 26 feiras livres no bairro da Lapa.
“Uma metrópole do nosso porte não pode permitir o envio de resíduos de feiras para os aterros. O ideal é que eles nem existissem, mas temos estudos que comprovam que podemos reduzir a 15% o lixo que hoje é enviado a aterros sanitários”, argumentou o prefeito.
A gestão do município tem de fato se empenhado para aproximar-se deste ideal. Em seu Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), entre várias medidas a compostagem é recomendada como método seguro, eficiente e barato para tratamento dos resíduos orgânicos. Em âmbito doméstico, atualmente 2.000 residências receberam composteiras numa iniciativa que visa fomentar a prática e gerar parâmetros para construção de uma política pública. E para um ganho considerável de escala a proposta é mais ousada: com a meta 92, foi estabelecido o compromisso de compostar os resíduos orgânicos, que somam 400 toneladas diárias, oriundos das 890 feiras-livres da cidade.
Em sua visita à subprefeitura da Lapa, o prefeito Haddad foi conduzido pelo Engenheiro Agrônomo Marcos José de Abreu. Ali, o gestor conheceu todos os ítens de um pátio de compostagem descentralizado, recomendado e projetado pela assessoria técnica iniciada pelo Cepagro em agosto e que, na manhã de ontem, foi aberto ao público para apresentação de seus resultados.
Este primeiro pátio, contratado pela concessionária de varrição de ruas (Inova), é considerado um piloto, embora já apresente números expressivos: por ali passarão 140 toneladas mensais de FLV’s (frutas, legumes e verduras), devidamente separados em 26 feiras livres do bairro que, considerados todos os seus distritos, tem uma população de aproximadamente 305.000 habitantes. A expectativa é que, a partir do próximo ano, as outras 31 subprefeituras do município gradativamente comecem a construir equipamentos semelhantes.
O pátio de compostagem descentralizado da Lapa, disposto em uma área de 3.000 m2, possui 9 leiras estáticas com um eficiente sistema de drenagem, que recolhe o líquido percolado em uma caixa coletora. Este biofertilizante é reaplicado por bombeamento nas próprias leiras e, quando diluído em proporção adequada, pode ser aplicado diretamente nas plantas.
Na construção das leiras, outras 2 categorias de resíduos orgânicos que representam grande demanda sobre os aterros são utilizados: as palhas de roçadas de córregos e os restos de podas de árvores. Estes últimos passam por trituradores, gerando pequenos cavacos que servem tanto para fornecer a porção adequada de carbono ao processo de compostagem, quanto para  estruturar a arquitetura das leiras e permitir a aeração do processo.
“Com este projeto já estamos colocando em prática o plano diretor estratégico, o plano municipal de mudanças climáticas e os compromissos que o Brasil acabou de assumir na COP 21 de Paris. Com ele reduzimos as emissões de carbono nos aterros e com o transporte, além de seqüestrar carbono com o uso do composto na agricultura  e permitir a reconstrução de um cinturão verde”, avalia o coordenador de resíduos orgânicos da AMLURB, o Engenheiro Agrônomo Antonio Storel, comprovando que os benefícios do método vão muito além de um simples tratamento do “lixo”.
Saiba mais na matéria sobre o projeto do SP TV.