A agricultora Adélia Schmitz, liderança do Movimento de Mulheres Camponesas, fala durante o Seminário MULHERES E AGROECOLOGIA.


texto e fotos: Comunicação Cepagro
Na manhã daquela 5ª feira, 5 de outubro, a 39º Oktoberfest de Itapiranga estava nos seus últimos preparativos na Linha Presidente Becker quando a agricultora Adélia Schmitz, de 69 anos, saiu da comunidade do interior de Itapiranga (SC) rumo a Chapecó. Chegando à “capital do Oeste catarinense”, Adélia dormiu no Centro de Formação do Movimento de Mulheres Camponesas – em que ela é liderança desde 1991 – para acordar às 3h da manhã e encontrar com as companheiras agricultoras Lourdes Bodaneze e Rosalina da Silva, para juntas pegarem um voo a Florianópolis. Às 10h da manhã da sexta-feira, 6 de outubro, Adélia abria o Seminário “Mulheres e Agroecologia”, promovido pelo Cepagro no Auditório da Epagri, como parte da programação do Festival SANTA CATARINA Agroecológica.
Realizado de 6 a 8 de outubro em Florianópolis, com patrocínio da Fundação Banco do Brasil, o Festival reuniu cerca de 300 pessoas ao longo de 3 dias de programação: na continuação do Seminário, aconteceu o 11º Encontro do Núcleo Litoral Catarinense, no Espaço Pergalê, um sítio urbano no Norte da Ilha. Nas palestras, oficinas e na Feira de Sementes, Saberes e Sabores do Encontro, o protagonismo continuou sendo das mulheres. “O Festival teve o objetivo de promover e valorizar a Agroecologia em Santa Catarina, principalmente na região do Litoral, com destaque para o papel da mulher no seu desenvolvimento”, explica a agrônoma Gisa Garcia, da equipe técnica no Cepagro que organizou o evento.

O Festival começou com a recepção dxs participantes do Seminário na FEIRA ORGÂNICA CCA, realizada toda 6ª feira no Centro de Ciências Agrárias da UFSC.


POR QUE “SEM FEMINISMO, NÃO HÁ AGROECOLOGIA”?

Da esquerda para direita: Adélia Schmitz (MMC), Beth Cardoso (CTA-ZM / ANA), Ana Meirelles (Rede Ecovida de Agroecologia, mediadora), Diva Vani Deitos (APACO) e Cátia Cristina Rommel (Rede Ecovida de Agroecologia): força feminina discutindo “Por que ‘Sem Feminismo, não há Agroecologia’?”.


Abrindo o Seminário, junto com as agricultoras Diva Vani Deitos e Cátia Cristina Rommel, da Rede Ecovida de Agroecologia, e de Elizabeth Cardoso, representando o GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia, Adélia discute a questão Por que ‘Sem Feminismo, não há Agroecologia?’: “A Agroecologia e o Feminismo são pontos que se ligam pela transformação da sociedade. A Agroecologia, pelo lado da produção; o Feminismo, pelas relações pessoais”, afirma a camponesa.

“A Agroecologia e o Feminismo são pontos que se ligam pela transformação da sociedade. A Agroecologia, pelo lado da produção; o Feminismo, pelas relações pessoais”, afirma Adélia Schmitz.


Se a base da Agroecologia é a Agricultura Familiar, explica Elizabeth Cardoso, do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata e da Articulação Nacional de Agroecologia, “e a gente sabe, as mulheres sabem, que a família é aonde começam os conflitos: de gênero, de geração… Então a gente precisa também dar apoio para as mulheres. Abrir espaços pras mulheres, dar visibilidade, pras mulheres terem autonomia pra decidirem o que querem plantar e aonde”. Isso porque muitas vezes a titularidade da propriedade, a Declaração de Aptidão ao PRONAF e outros documentos da família agricultora estão no nome do marido, restringindo as vozes e decisões das mulheres.
Os quintais produtivos – áreas próximas às casas onde são cultivados alimentos para o autoconsumo familiar – são frequentemente os únicos espaços onde as mulheres conseguem exercer sua autonomia e protagonismo agroecológico. Sua produção, contudo, quase sempre é subestimada, considerada “miudeza” – assim como o trabalho das mulheres é “ajuda”. Para dar mais visibilidade a essa produção e auxiliar as mulheres nessa administração, o CTA-ZM criou, após a Marcha das Margaridas de 2015, a Caderneta Agroecológica, em que são registrados consumo, da troca, da venda e da doação do que é cultivado nos quintais produtivos. Sistematizando os dados registrados nessas cadernetas, a equipe do CTA-ZM identificou que os quintais são os espaços mais biodiversos das propriedades. Além disso, as “miudezas” de 1 hectare de quintal geram a mesma renda do que 3 hectares cultivados com café – cultura tradicional em Minas Gerais. Neste sentido, de acordo com Beth Cardoso, é fundamental que os quintais sejam objeto de políticas públicas também.

Beth Cardoso, do CTA-ZM e Articulação Nacional de Agroecologia: “A gente quer a Agroecologia para o mundo. Pra isso acontecer, tem que dar poder também para as mulheres”.


Apesar de alguns avanços em políticas públicas para mulheres agricultoras, elas ainda encontram vários entraves para acessar programas como o PRONAF ou mesmo para vender seus produtos. Como afirma Diva Vani Deitos, agricultora e coordenadora da Associação de Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense (APACO): “Quando a gente fala das nossas miudezas, das nossas propostas de produção, esbarramos nos grandes, que é a questão da legislação. A legislação no nosso meio veio pro extermínio da produção que as mulheres ainda tinham nas mãos”. Para Diva, as restrições sanitárias às agroindústrias caseiras dos chamados “produtos coloniais” – como salames e queijos – afetam primeiramente as mulheres. “Antes, nós colocávamos o queijo na sacola e vendia, agora temos que sair escondidas pra vender. O queijo tá na mão delas, o dinheiro vinha na mão delas. Aí veio o sistema de integração, que na verdade é exclusão – principalmente das mulheres e dos jovens. Não permite mais mulheres ter acesso a seu próprio dinheiro, pois o contrato quase sempre está no nome do marido”, afirma a agricultora.

Diva Vani Deitos, da Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense (APACO): “Nós, mulheres, temos uma semente dentro de nós, que é a da resistência”.


“O feminismo é necessário por isso. Para termos igualdade de direitos”, enfatiza a agricultora e agrônoma Cátia Cristina Rommel, do grupo Germin’Ação da Rede Ecovida de Agrocologia.  Compartilhando com a plateia do seminário diversas histórias de sutis discriminações que ela já enfrentou por ser mulher mantendo um sítio em Anitápolis (SC) – ter que explicar para um vendedor que pode sim usar uma tobata, por exemplo – ela afirma que “Feminismo se trata da luta por direitos, equidade de direitos. Não é homem contra mulher, alguém ser mais ou menos do que o outro”. E vai além: “O feminismo não é contra os homens. Se vocês não são machistas, não se sintam afetados pelo feminismo. Juntem-se!”. Adélia Schmitz, do MMC, faz coro: “Se você tem a capacidade de se indignar com um sistema que é injusto, então você também é feminista”.

Cátia Cristina Rommel, agricultora do grupo Germin’Ação da Rede Ecovida de Agroecologia: “As capacidades não são dos gêneros. São dos seres humanos. Não importa se é homem, mulher ou qualquer outra identidade. Ou sem identificação de gênero. A gente encontra capacidades. A gente pede ajuda. Pra um homem, por que não? Ou pra uma mulher. Mas tanto faz”.


POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES AGRICULTORAS: ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS
Legislação para agroindústrias, acesso ao PRONAF, aos programas de compras institucionais, à saúde, à assistência em casos de violência: entre avanços e retrocessos, as políticas públicas para mulheres agricultoras foram outro ponto de discussão durante o Seminário. Além de Beth Cardoso, no painel também participaram a agricultora Rosalina da Silva, do Movimento de Mulheres Camponesas, e a doutoranda em Ciências Humanas Marie Leal Lonzano, do Instituto de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Santa Catarina. Na abertura do Painel, Marie lembra que “se políticas públicas para mulheres são algo recente no Brasil, para mulheres rurais são ainda mais”. O marco inicial neste campo é a Constituição de 1988, a primeira a reconhecer as mulheres como trabalhadoras rurais.
De acordo com a pesquisadora, foi com os governos de centro-esquerda de Lula e Dilma Rousseff que tais políticas avançaram um pouco mais, com a criação da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) e de programas como o PRONAF Mulher e o ATER Mulheres. “Mas só a existência dessas políticas não garante sua efetividade. É preciso que elas tenham continuidade”, afirma a pesquisadora. Neste sentido, tanto Beth Cardoso quanto Rosalina trouxeram dados sobre a diminuição de recursos para programas voltados às mulheres. “Temos que continuar na luta e nos organizando”, avalia Beth Cardoso.

Participando do Movimento de Mulheres Camponesas desde sua fundação, a agricultora Rosalina da Silva é conhecida como a “bruxinha do MMC”, graças à sua dedicação e sabedoria no trato com plantas medicinais. O trabalho coletivo que ela fundou em Chapecó para trabalhar com esta temática – a Associação Pitanga Rosa – foi finalista do Prêmio Mulheres Rurais que produzem o Brasil Sustentável, da antiga Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Durante o Festival, Rosalina compartilhou um pouco desses saberes e histórias de luta e cuidado pela terra..


RESISTÊNCIA FEMININA E AGROECOLÓGICA

Painel “Experiências de Protagonismo e Empoderamento Feminino na Agroecologia” reuniu agricultoras e técnicas dos 3 estados do sul do Brasil e também de El Salvador, com a mediação de Tânea Mara Follmann, agricultora e coordenadora do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia.


Se o cenário atual das políticas públicas é temeroso, a resistência feminina mantém viva a agroecologia no campo e na cidade. Durante o painel “Experiências de empoderamento e protagonismo feminino na agroecologia”, agricultoras – rurais e urbanas – e técnicas de organizações dos três estados do Sul do Brasil e também de El Salvador relataram os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas no trabalho com a terra.
Leonilda Boeing Baumann: de “mulher do professor” a agricultora agroecológica 
Antes conhecida como “a mulher do professor”, apesar de ter crescido e sempre trabalhado na roça, Leonilda agora maneja sozinha e autonomamente uma propriedade com certificação agroecológica em Santa Rosa de Lima (SC). A partir do contato com o projeto Acolhida na Colônia de agroturismo, Leonilda resgatou sua autoestima de ser agricultora. E, com a inserção na Rede Ecovida de Agroecologia, afirma: “Hoje, se tu tem um alimento limpo na tua propriedade pra servir pra tua família, aí está o teu remédio”. Sobre a atuação das mulheres na Agroecologia, afirma: “Falta sim união nossa, união das mulheres. Acho que as mulheres não devem deixar de ser mulher, vaidosa, é importante a gente se sentir bonita. Nosso papel de mulher é diferente do homem, é de ser cuidadora, espiritual. A gente coloca muito amor no que a gente faz”.
Ana Karolina da Conceição: resistência na Agroecologia Urbana
Liderança comunitária e mãe de dois filhos, Karol coordena, junto com Cíntia da Cruz, o Grupo da Revolução dos Baldinhos, projeto de Compostagem e Agricultura Urbana que desde 2008 vem fazendo a diferença na comunidade Chico Mendes, em Florianópolis. As mulheres são a maioria na Revolução, que, mesmo com vários revezes, vem mantendo o trabalho junto à população local que envolver a compostagem, distribuição de composto para hortas e jardins residenciais, brechó, recolhimento de óleo para produção de sabão e a realização de uma feira comunitária. “A resistência é das mulheres! No nosso projeto, A gente está começando a trabalhar as questões de gênero, pras pessoas se reconhecerem, que saiam de casa, que vão ao posto de saúde, que use os espaços”, afirma a agricultora urbana.
Maristela Ferro: vender e consumir são atos políticos
Moradora de São Domingos do Sul, na região de Passo Fundo (RS), Maristela veio ao Seminário junto com a equipe técnica do CETAP, organização que assessora seu grupo de agroecologia, a Associação Sagra Italiana. Reunindo unidades produtivas e agroindústrias, a Associação possui também um espaço de comercialização dos alimentos. Ali é um dos espaços onde Maristela exerce sua incidência política e agroecológica: “A questão mais política hoje para nós produtores é o trato com o consumidor. É a questão mais política que tem e é possível e está na nossa mão!”. Entre uma fala e outra, Maristela agraciou o público com várias canções, sendo que a última afirmava: “Na lei ou na marra, nós vamos ganhar!”.
Flor Quintanilla: trabalho de gênero em El Salvador
A engenheira agrônoma Flor Quintanilla é da equipe técnica do Fundesyram, organização de El Salvador que é parceira do Cepagro no projeto “Saberes na Prática em Rede”, viabilizado pela Fundação Inter-Americana (IAF). Durante o Seminário, falou sobre o trabalho na linha de gênero da organização, que envolve formações para as mulheres e também para os homens. “”Desde que a MULHER domesticou o milho, isso já era Agroecologia. Esquecemos disso pela Revolução Verde, mas trabalhamos pra resgatar esses valores ancestrais”, afirma.  Discussões sobre novas masculinidades, distribuição do trabalho doméstico e a importância de valorizar o autoconsumo na produção agroecológica são alguns dos pontos trabalhados. “Seria um grande erro somente produzir para vender, e não também para comer. Na produção agroecológica é o inverso, primeiro produzimos para comer depois vendemos”, explica.
Lourdes Bodaneze: “o milagre só vem do solo”
Dentro do Movimento de Mulheres Camponesas “há uns 25 anos”, a agricultora Lourdes Bodaneze cultiva um terreno urbano no município de Marema, no Oeste de Santa Catarina. Numa área de 9m x 20m, ela já chegou a ter, ao longo de um ano, quase 70 variedades de alimentos, sempre no manejo agroecológico. Além da produção, ela também beneficia e comercializa alguns dos alimentos.  A diversidade de espécies e sua dedicação são tamanhas que ela passou a ser uma guardiã de sementes crioulas no Movimento. “O milagre só vem do solo. Por isso, precisamos cuidar da mãe terra. A Natureza só nos devolve o que damos para ela. Se ela dá algo ruim, é porque algo está errado. A Natureza pode estar pedindo ajuda!”, afirma a agricultora, que também facilitou duas oficinas sobre Sementes Crioulas durante o Encontro do Núcleo Litoral Catarinense.
Jandira de Oliveira Lima: agroecologia para reencontrar as raízes
Como uma mulher guarani vivendo na cidade de Guarapuava (PR), distante de seu povo, não foram poucas as discriminações enfrentadas por Jandira de Oliveira Lima. O convivência entre brancos não a fez perder suas raízes e saberes. Dentro da Rede Solidária Popyguá, que reúne cerca de 40 famílias de 9 terras indígenas do Paraná e de Santa Catarina, Jandira utiliza seus saberes sobre plantas medicinais para produzir óleos essenciais, além de peças de artesanato com sementes. “Tirei tudo da terra e nunca usei veneno, e assim ensinamos nossas crianças”, afirma. A Rede é apoiada pela Organização Outro Olhar, que fomenta a agroecologia nas terras indígenas, muitas vezes degradadas pela agricultura convencional.
Anelise Becker: protagonismo feminino e juvenil
Filha de agricultores agroecológicos, Anelise cresceu participando de Encontros da Rede Ecovida de Agroecologia e militando na Pastoral da Juventude em Morrinhos do Sul, município da região de Torres (RS), pertencente ao Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia. “Em primeiro lugar, sou agricultora”, afirma Anelise, que também defendeu o mestrado em Desenvolvimento Rural na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na sua pesquisa, identificou que a permanência de jovens e o protagonismo das mulheres é maior nas famílias ligadas à Agroecologia.  Ressalta, entretanto, que “por mais que se reconheça o protagonismo dos jovens dentro do movimento agroecológico, por causa do patriarcado isso ainda é um tabu dentro das famílias”.
Dirlei Conceição Luiz: união de mulheres transformando realidades
Moradora de Cerro Negro, um dos municípios com menor IDH de Santa Catarina, Dirlei é uma das lideranças da Associação das Mulheres do Cruzeirinho, que reúne 12 famílias desta comunidade. Com apoio do Centro Vianei de Educação Popular, as mulheres do Cruzeirinho acessaram uma linha de crédito para construir estufas de produção de hortaliças, que elas certificam através da Rede Ecovida e entregam na alimentação escolar do município. “Na nossa localidade, muitas mulheres não tem terreno para plantar, por isso para nós a Agroeocologia é um desafio. Mesmo assim, essas mulheres trabalham em uma horta comunitária, e todos os dias elas vão até essa horta e discutem os desafios enfrentados”, conta a agricultora.
MULHERES E JUVENTUDE PROTAGONIZAM ENCONTRO DO NÚCLEO LITORAL CATARINENSE

Ana Meirelles, Diva Vani Deitos, Tânea Mara Follman e Kathrine de Souza com a juventude agroecológica: as quatro falaram no painel de encerramento do Encontro.


Além das mais de 20 participantes de outros 4 núcleos da Rede Ecovida, do MMC e de organizações parceiras do Cepagro no projeto apoiado pela IAF, uma turma de 35 jovens mobilizados pelo Slow Food enriqueceu ainda mais a vivência do 11º Encontro do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia, continuação do Festival SANTA CATARINA AGROECOLÓGICA. Uma linda sessão de dança circular mediada pela companheira Magna Machado trouxe uma energia especial para o começo do encontro.

Assim como no Seminário, durante o Encontro o protagonismo continuou feminino: na palestra de abertura, Adélia Schmitz, do MMC, trouxe a mesma garra e disposição na defesa pela Agroecologia feminista compartilhada durante o Seminário, emocionando principalmente as agricultoras que a assistiam. “Me senti representada por ela”, afirmou Maria Silvestre, agricultora de Guaramirim (SC), integrante do Grupo Rio Cristina. A identificação entre as agricultoras não foi por acaso: assim como Adélia, Maria é uma liderança em sua comunidade, atuando no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e na Pastoral da Saúde, além de outros espaços de incidência política do município. As duas também estiveram juntas na Marcha das Margaridas de 2015, em Brasília. “Eu acho que a gente como mulher e como mãe tem que participar desses espaços. Parar de reclamar e participar mais. Eu tenho que ir lá e mostrar o que eu quero para o município”, afirma Maria.
“Sair de casa”, contudo, ainda é um desafio para muitas mulheres do campo e também da cidade: “Nós fomos educadas para sermos boas mães, boas esposas, saber administrar bem uma casa e assim por diante. Então, a primeira dificuldade que a gente encontrou é a de ter a vontade de sair de casa”, explica Adélia Schmitz. Frente ao isolamento enfrentado por tantas mulheres rurais, a união com outras companheiras em redes e movimentos é fundamental para vencer as barreiras que as prendem nos papéis tradicionais associados às mulheres. Como afirma Ana Meirelles, do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia: “Sempre lutamos para a mulher participar não só pra dentro da porteira, mas também para fora”. Rosalina da Silva, do MMC, completa: “Foi no movimento que descobri essa capacidade a gente tem de ser feminista e camponesa ao mesmo tempo, e trazer os companheiros pra ser feminista junto com a gente. Foi no movimento que a gente teve essa segurança de que era correto ir pra luta”.

As agricultoras Adélia Schmitz e Maria Silvestre, companheiras na luta pela agroecologia.


 
 
 
CRIANÇAS TAMBÉM TÊM O SEU ESPAÇO: NO ENCONTRINHO!
Uma equipe de Pedagogas do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da UFSC e estudantes do CCA criaram momentos especiais para o futuro da Agroecologia.

 
 
O COLORIDO DA AGROECOLOGIA NA FEIRA DE SABERES, SABORES E SEMENTES 

INTERCÂMBIO ENTRE GRUPOS E NÚCLEOS DA REDE ECOVIDA
Treze grupos do Litoral Catarinense participaram deste Encontro, que contou também com a presença de representantes de outros 4 Núcleos da Rede do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

OFICINAS COM PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Rosalina da Silva, a “bruxinha do MMC” canta, na abertura de sua oficina de Plantas Medicinais brindada durante o Encontro: “É em grupo, com as companheiras, que a bruxinha encontra forças pra lutar”. Além de Rosalina, Lourdes Bodaneze e Adélia Schmitz também facilitaram oficinas durante o Encontro, sobre Sementes Crioulas e Gênero e Agroecologia, respectivamente.

Oficina de Sementes Crioulas, com Lourdes Bodaneze



Oficina “Gênero e Agroecologia”


Outros temas abordados nas oficinas foram: Mudas e Estaquias, Calendário Biodinâmico, Economia Solidária (com o Instituto Nhandecy, de Curitiba), Comercialização, Agroflorestas, Meliponicultura, Compostagem e Agricultura Urbana (com a Revolução dos Baldinhos) e muitas outras. Confira a galeria de imagens!

Oficina AGROFLORESTAS


Oficina MUDAS E ESTAQUIAS


Oficina COGUMELOS


Oficina COGUMELOS


 
 
 
 

Oficina CALENDÁRIO BIODINÂMICO e PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO


Oficina DINÂMICAS DE COMERCIALIZAÇÃO NO NÚCLEO LITORAL CATARINENSE


Através do patrocínio da Fundação Banco do Brasil, o Cepagro adquiriu mais de 500 mudas de espécies nativas com a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (APREMAVI), organização de Atalanta (SC). As mudas foram distribuídas gratuitamente aos participantes do Encontro.

 
Além de fortalecer as vozes da juventude, os jovens mobilizados pelo Slow Food também colaboraram na preparação dos cafés e lanches do domingo durante o Encontro do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida.

Jovens de toda Santa Catarina participaram do Encontro, mobilizados pelo Slow Food, através da facilitadora Giselle Miotto


MESA FEMININA ENCERRA O ENCONTRO
Mantendo o protagonismo feminino do Festival, o painel de encerramento do Encontro do Núcleo Litoral Catarinense reuniu mulheres de 4 núcleos da Rede Ecovida de Agroecologia para debater “Origens e Presente do Sistema Participativo”. Lideranças históricas da Rede Ecovida como Diva Vani Deitos (Núcleo Oeste de SC) e Ana Meirelles (Núcleo Litoral Solidário) compartilharam a palavra com a atual coordenadora do Núcleo Litoral Catarinense, Tânea Mara Follmann, e a jovem agricultora Kathrine de Souza, do Núcleo Planalto Serrano.
 
 
Antes das doces despedidas – sobremesas preparadas com muito carinho pela equipe chefiada pela anfitriã, agricultora e cozinheira Sônia Jendiroba –, duas candidaturas foram apresentadas para receber o próximo Encontro do Núcleo: Biguaçu e Anitápolis. A confirmação será na próxima reunião do Núcleo, no início de novembro, em Major Gercino.