Realizado em Belo Horizonte (MG) de 31 de maio a 3 de junho com o lema Agroecologia e Democracia Unindo Campo e Cidade, o IV Encontro Nacional de Agroecologia reuniu mais de 2 mil participantes, em sua maioria agricultoras e agricultores, indígenas, quilombolas, jovens e militantes de movimentos sociais ligados à agroecologia e à defesa de territórios e recursos ambientais. O Parque Municipal de Belo Horizonte foi tomado por geodésicas com seminários e rodas de conversa, além de intervenções artísticas, culturais e a colorida Feira de Saberes e Sabores, que funcionou nos dias 2 e 3 de junho.

Revolução dos Baldinhos e Cepagro estiveram presentes na Tenda das Metrópoles, atividade realizada no dia 1 de junho que trouxe experiências de Agricultura Urbana, Gestão de Resíduos Orgânicos e Economia Solidária do Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. Estou cursando Educação do Campo. O campo que eu pretendo defender é a cidade, as pequenas hortas produtivas. Pra gente ter um país melhor, precisa construir uma política coletiva. Geralmente as políticas públicas são feitas para as grandes indústrias, o agronegócio. Agora é nossa vez de tentar construir coisas para que a população possa ter acesso”, disse Ana Karolina da Conceição, da Revolução dos Baldinhos, durante sua apresentação. Nas discussões, reafirmou-se o importância da Agricultura Urbana para produzir comida de verdade, ressaltando-se a participação de mulheres e também de povos e comunidades tradicionais. Porque na cidade tem quilombo sim, e terra indígena também! Segurança e cultura alimentar, feminismos, direito a cidade foram algumas das temáticas discutidas, ressaltando a necessidade de visibilizar a Agroecologia praticada nas cidades, resistência a especulação imobiliária, ao silenciamento nos planos diretores e ao modelo de produção de alimentos baseado no latifúndio e no uso indiscriminado de agrotóxicos.

Aires Niedzielski, da Rede Ecovida de Agroecologia, na tenda Mata Atlântica do Sul.


A Rede Ecovida marcou presença nas tendas dos biomas Mata Atlântica do Sul e Pampa, instalações onde representantes de movimentos sociais e comunidades dos diversos territórios naturais do Brasil se reuniram: Mata Atlântica, Pampa, Caatinga, Cerrado(s), Amazônia, Litoral e Pantanal.

As irmãs Adriana e Ivonete Ferreira da Silva, da Comunidade Quilombola Invernada dos Negros (SC), na tenda Mata Atlântica do Sul.


O IV ENA na verdade foram muitos com dezenas de atividades paralelas abarcando a diversidade da agroecologia em um território continental como o Brasil. Foram 4 Plenárias (Mulheres, Juventudes, Quilombolas, Indígenas), 14 Seminários Temáticos, 16 vivências de campo, além de dezenas de oficinas autogestionadas, da Feira de Saberes e Sabores e também da Agrobiodiversidade. Na Plenária Final, foram lidas as sínteses das discussões realizadas ao longo dos 3 dias anteriores.
Neste momento, assim como havia sido na abertura político cultural e durante todo o encontro, um dos marcos foi a centralidade das lutas dos povos e comunidades tradicionais, das mulheres e das juventudes, trazendo pautas como o enfrentamento ao racismo e ao genocídio de povos indígenas, a demarcação de territórios tradicionais e originários e as demandas ligadas aos diversos feminismos, como a distribuição justa de tarefas domésticas e o fim da violência de gênero e LGTBfobia. Mesmo com os impactos da greve dos caminhoneiros que abalou as estruturas de abastecimento brasileiras no final de maio, o IV ENA foi mantido e fortaleceu a Agroecologia, em suas diversas formas de implementação por populações tão diversas, como modelo de produção, abastecimento e distribuição de alimentos saudáveis. Ao ecoar as vozes de sujeitas/os comumente invisibilizados por opressões de gênero, raça e classe, o IV ENA também fortaleceu os laços entre Agroecologia e Democracia, no campo, na cidade, nas florestas e nas águas.
Clique aqui para ver a CARTA POLÍTICA DO IV ENA.
Saiba mais sobre a Plenária das Mulheres, das Juventudes, dos Povos Indígenas e da Comunidades Quilombolas.