Realizado nos dias 9 e 10 de novembro, o “1º Intercâmbio Educando com a Horta” reuniu professores e professoras, pais e mães e turmas do 5º ao 7º ano dos Centros Educacionais Municipais (CEM) Santa Terezinha, Escola do Mar Flávia Scarpelli Leite e Professora Amélia Inácia de Medeiros Ludwig, todos em São José (SC). Promovido pelo Cepagro em parceria com as escolas, o encontro teve como principal objetivo oportunizar a interação e a troca de experiência entre todos/as os/as estudantes que vêm ao longo do último ano participando do projeto Educando e Transformando com a Horta em São José, desenvolvido pelo Cepagro com o apoio e patrocínio do Instituto MRV. Durante o intercâmbio, cada turma participante do projeto pôde, junto com seus professores, apresentar algumas das experiências desenvolvidas ao longo do ano.

O projeto está presente nas três escolas, onde semanalmente os educadores do Cepagro Henrique Martini Romano​​ e Karina Smania De Lorenzi desenvolvem atividades de educação ambiental e alimentar utilizando como ferramentas pedagógicas a horta agroecológica e a compostagem. A parceria com o Centro Municipal de Educação Ambiental Escola do Mar e com a Escola do Meio Ambiente de São José também são fundamentais no projeto.

O primeiro dia do evento foi no CEM Escola do Mar Flávia Scarpelli Leite, com a turma “anfitriã”, de 5º ano, fazendo uma apresentação musical. Detalhe: com camisetas pintadas especialmente para a ocasião. A professora regente da turma, Icleia de Almeida Andrade avalia que o projeto contribuiu muito pois trouxe a educação ambiental, que como ela mesma lembrou é um componente da nova Base Nacional Comum Curricular, não como um conceito distante, mas como uma vivência cotidiana na vida dos alunos e alunas. Ela recorda que o projeto começou tratando da separação dos resíduos e do impacto do que consumimos e produzimos. Sensibilização iniciada em sala de aula, mas que se expandiu para toda a escola de uma forma que coube aos próprios/as alunos/as do quinto ano replicar o que aprenderam para as outras turmas.

“Parece muita coisa para um quinto ano, mas eles são muito participativos e têm recebido com muita vontade todos os desafios que a gente propõe. O reflexo disso foi que a nossa escola está linda. Nós estamos com uma contribuição gigantesca de todas as outras turmas que sempre querem participar e contribuir com alguma coisa, trazendo o seu próprio resíduo orgânico e seu reciclado”, conta Icleia.

 

A partir da proposta da prof. Icleia, a turma se dividiu em grupos de “patrulheiros ambientais” que semanalmente ficavam responsáveis por fazer a manutenção da composteira e observar o cuidado com o ambiente escolar, conferindo se a separação dos resíduos estava sendo feita corretamente. “Isso reflete muito positivamente porque a gente está construindo um caráter cidadão. Eles estão participando por vontade própria, construindo seu caráter cidadão no dia a dia participando de todas as atividades, seja na coleta seletiva ou naquilo que eles podem contribuir trazendo para o nosso ambiente escolar e levando para a comunidade essa vivência”, complementa a professora.

Outro destaque nas apresentações do dia foram os vídeos filmados e editados por estudantes do 7º ano do CEM Amélia Inácia Medeiros Ludwig e do 6º ano do CEM Santa Terezinha. 

A Secretária Municipal de Educação de São José, Ana Cristina Oliveira da Silva Hoffmann, também esteve presente no evento e saudou os/as estudantes e professores/as pelo trabalho desenvolvido. 

Depois das apresentações, toda a comunidade escolar presente pôde conhecer a horta da Escola do Mar, espaço que se tornou um laboratório a céu aberto e que possibilitou aos alunos e alunas estreitar seus laços afetivos. Essa mudança na relação da turma foi percebida também pelas alunas do CEM Santa Terezinha, Tainá, Nicole, Rebeca e Isadora. Elas relatam que desenvolver atividades fora da sala de aula deixou a turma “muito mais unida”. Isso porque todas as atividades, desde a escolha do formato dos canteiros e das espécies que seriam plantadas, até a divisão de tarefas na hora de plantar e colher, são feitas coletivamente. 

E, estando na beira do mar, o intercâmbio teve também uma parada na praia em frente à escola.

O segundo dia de intercâmbio aconteceu no Parque Ambiental dos Sabiás, onde está localizada a Escola Municipal do Meio Ambiente de São José, ao lado do CEM Santa Terezinha e contou com a participação de estudantes e professores/as, além da Secretária Adjunta de Educação de São José, Cláudia Regina Macário. 

As apresentações mostraram a diversidade de temas e disciplinas que podem ser trabalhados na horta pedagógica. O 7º ano da CEM Prof. Amélia Inácia de Medeiros Ludwig, orientado pelo professor de ciências Moisés Ubiratã Schmitz Nunes, por exemplo, escolheu apresentar sobre a cultura alimentar indígena, um dos temas estudados por eles ao longo do ano. Estudo que foi feito na teoria e na prática com a implantação de um canteiro MILPA. Como explicam as alunas, MILPA é um consórcio de milho, abóbora e feijão, onde as espécies interagem entre si se ajudando mutuamente. Uma técnica ancestral que mostra que não tem como falar em Agroecologia sem lembrar dos povos originários.

Outro 7º ano apresentou sobre o cultivo de cogumelos, do preparo do substrato à preparação de receitas, atividade mais recente realizada na escola. Teve também poesia, apresentação de um vídeo contando sobre o dia a dia da horta pedagógica e uma prática em tempo real.

As alunas e alunos do 6º ano do CEM Santa Terezinha mostraram na prática o passo a passo de como montar canteiros em pequenos espaços usando caixas de feira.

Entre elas estavam as alunas Kamylla e Maria Eduarda, que foram acompanhadas de suas mães. Marinês Lima Freitas, mãe da Kamylla, descreve o projeto como “uma experiência maravilhosa que é levada para a família e para a vida. Eles levam para casa os conhecimentos, ensinando a mãe, os irmão e a família toda a como fazer uma horta e a  cultivar plantas em casa para ter um alimento saudável e uma alimentação equilibrada. É um projeto maravilhoso e de muita importância que a gente espera que continue”.

 

Ana Paula, mãe de Maria Eduarda, também conta estar muito agradecida com a experiência vivenciada pela filha. “Quando eles [alunos] saem um pouco da sala de aula, eles espairecem com os colegas e vão aprendendo. Eles trazem pra casa e levam pra vida”, conta Ana, que já não joga mais os resíduos orgânicos no lixo. Um dos aprendizados levados para dentro da casa e absorvido por toda a família foi a compostagem dos restos de alimentos, que já virou um hábito.

Anfitriã do segundo dia de intercâmbio, a Diretora da Escola Do Meio Ambiente de São José, Cinthya Regina Persike conta que “Vendo a apresentação das crianças hoje, eu vi o quão importante é esse projeto tanto para as escolas que os alunos estudam como para as suas famílias. Falar sobre agricultura urbana, agroecologia, alimentação saudável e compostagem são práticas que vão para além dos muros da escola. Então os alunos aprendem na escola, aliado aos componentes curriculares que eles têm, mas também levam essas vivências para as suas famílias disseminando a importância desse projeto”.