Foram muitas as trocas de saberes e histórias durante a oficina de Plantas Medicinais realizada na última quarta, 2 de agosto, com a turma da Horta Mãe Madre Siembra, no CRAS Continente II. A atividade foi facilitada pela estudante de Farmácia Alvira Bossy, que trabalhava no CRAS como psicóloga e foi uma das idealizadoras da Horta. 

“Enquanto estamos nessa roda, que nossos ancestrais que nos ensinaram a usar essas plantas estejam conosco”, disse Alvira no inicio da atividade. Mais do que falar sobre propriedades medicinais das plantas, a oficina promoveu um espaço de partilha de memórias afetivas ligadas a chás, temperos, emplastros e outros preparados, muitas vezes feitos por avós. E tudo isso em português e espanhol, já que vários/as dos/as participantes da horta são da Venezuela.

Inclusive, nas trocas de saberes da oficina, descobrimos que plantas como a beldroega, aqui considerada um “mato” no senso comum, é valorizada como espécie alimentar e medicinal na Venezuela, com propriedades que auxiliam em problemas digestivos, cardiovasculares e diabetes, como contou Luisa Carolina Lopes Sotilo. Ela disse que não conhecia esses benefícios da beldroega, ficou sabendo na pesquisa que fez para a oficina: “Eu sempre uso pro meu filho quando tem diarréia e dor de estômago”. Ela foi a primeira participante da horta e, devido a compromissos de trabalho, não pôde mais participar. Em seu primeiro dia de férias, veio visitar a turma e trouxe a beldroega – chamada berdolaga em espanhol – para partilhar na roda.

Ainda sobre a valorização regional das plantas, o mastruz e o jambu também apareceram na oficina, na partilha de Sebastião Normando Borges, que participa da horta desde março. Ele é do Acre e disse que lá é comum usar essas plantas, levadas pra lá principalmente por migrantes nordestinos. Ele, por sua vez, trouxe algumas mudas para Florianópolis  e foi na Horta do CRAS que ele encontrou um lugar para multiplicá-las. Durante a oficina, ele contou sobre os benefícios delas para quem tem tosse, bronquite e outros problemas respiratórios.

A Horta Mãe Madre siembra já tem um cantinho dedicado para plantas medicinais, que conta com bastante dedicação da participante Vilza Maria Machado. Para a oficina, ela trouxe amostras de boldo fel de índio e também de jurubeba, todas que ela havia pegado na rua mesmo, e que são usadas principalmente para problemas de fígado. 

Após a partilha sobre usos e memórias afetivas ligadas às plantas, Alvira fechou a atividade falando dos cuidados no uso delas: “Não é porque esse chá serviu para um vizinho que vai servir para você”, disse. Ela ressaltou o fato de que plantas podem causar intoxicações ou gerarem interações medicamentosas nocivas à saúde, por isso é importante sempre conversar com um/a profissional de saúde antes de iniciar um uso contínuo de planta medicinal.