Abundante na Mata Atlântica, a palmeira juçara (Euterpe Edulis), se manejada de forma sustentável, pode representar uma opção de renda para agricultores familiares, inclusive os que estão cultivando tabaco. A extração e beneficiamento da polpa dos frutos dá origem ao cada vez mais conhecido açaí da Mata Atlântica, que pode ser consumido na forma de suco, polpa batida com frutas ou virar matéria prima para geléias e molhos. Foi para explorar o potencial desta espécie nativa da região que a equipe do projeto Cepagro/FRBL promoveu na última quinta-feira (12 de maio) uma oficina de extração e despolpa do açaí juçara na propriedade do agricultor Agustinho Will, na comunidade do Aguti, em Nova Trento.
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Enquanto os agricultores presentes à oficina lembravam como a palmeira juçara era usada como material de construção pelos seus antepassados, que sequer sabiam da existência do palmito, o especialista em Agroecossistemas Henrique Martini Romano, que facilitou a oficina (de branco, no centro da foto), ressaltava como é importante ter um olhar diferente para a espécie. “A palmeira não fornece só o palmito, os frutos também podem ser aproveitados. Além de uma opção de renda e melhor segurança alimentar, o manejo sustentável da juçara também ajuda a fauna local e contribui para a preservação da mata nativa e das águas”, explicou Henrique.
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Da colheita dos frutos à degustação do produto final, a oficina passou por todas as etapas da extração e beneficiamento do açaí, com os participantes revezando-se nas tarefas de debulhar os cachos, separar os frutos maduros dos verdes, higienizá-los e bater tudo na despolpadeira.
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Além dos agricultores que participam do projeto Cepagro/FRBL, estiveram presentes na oficina o Secretário de Agricultura de Nova Trento, Saulo Voltolini, representantes da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA). O Gerente de Licenciamento Agrícola e Florestal da Fundação Rogério Castro disse que o objetivo da instituição é dialogar com os agricultores e incentivar o plantio e manejo sustentável da mata nativa entre eles. “Não queremos falar só do que não pode fazer, mas também do que é permitido no uso da mata nativa”, afirmou.
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O anfitrião da oficina, Agustinho Will, ficou satisfeito com a participação da FATMA: “Ninguém gosta de fiscal, mas eles vieram para conversar e conhecer, e isso é muito bom”. O agricultor continua plantando fumo, mas mantém também a infra-estrutura de uma agroindústria para processamento de sucos. A proximidade da agroindústria é mais um ponto a favor da viabilidade da exploração do açaí juçara na região, de acordo com Henrique Romano. Uma opção interessante para agricultores como Valmir Coelho, que há quase 10 anos já coleta juçara para consumo próprio e ficou sabendo da atividade por um vizinho: “No momento comercializo milho e aipim, mas quero começar a entrar na agroecologia”, afirmou. Na agroindústria de um dos irmãos de Agustinho, Zeca Will, o açaí já é matéria prima para geléias orgânicas.