Foi no fatídico dia marcado para ser o “fim do mundo” que uma negociação de 2 anos foi enfim concluída em prol da agricultura familiar de base ecológica catarinense. Na manhã do dia 21/12, agricultores e entidades representativas da sociedade civil e da UFSC receberam das mãos de Felício Francisco Silveira, presidente do CEASA/SC, as chaves do Box 721, um galpão de 75m2 requerido para fortalecer a logística de comercialização da produção agroecológica na região.

À direita, o presidente do Ceasa/SC entrega as chaves do Box para Charles Lamb, do Cepagro

À direita, o presidente do Ceasa/SC entrega as chaves do Box para Charles Lamb, do Cepagro

Com articulação iniciada entre a UFSC (LACAF/Laboratório de Comercialização na Agricultura Familiar), o Cepagro e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a solicitação da infraestrutura foi pensada no contexto das alternativas aos produtores de tabaco em SC, sobretudo os que se encontram em transição para os sistemas ecológicos. Naturalmente o interesse ampliou-se para a malha da Rede Ecovida, cujas associações e cooperativas, que hoje já somam 1253 propriedades orgânicas certificadas pelo sistema participativo no sul do Brasil, possuem volume de produção que constantemente demanda incremento nas estruturas de comercialização. No ato de entrega das chaves, cerca de 10 organizações com estas características, somados a 7 grupos de agricultores do litoral catarinense, alto vale do Itajaí e Encostas da Serra, além do Grupo de Compras Coletivas de Florianópolis, uniram-se para iniciar a gestão coletiva do espaço e de todo o arcabouço logístico que a empreitada impõe.

O grupo que fará a gestão coletiva do Box de produtos agroecológicos

O grupo que fará a gestão coletiva do Box de produtos agroecológicos

Todo o processo preliminar de organização, que foi desde a própria viabilização do local, passando pela realização de rodadas de negócios entre agricultores, orçamento de equipamentos para o Box, produção de selos para produtos em transição e fomento à criação de uma cooperativa central, foi realizado neste período de 2 anos pelo Cepagro e o LACAF. Já as estratégias de ocupação do espaço, que deve ser inaugurado em fevereiro próximo, serão implementadas pelo conjunto das organizações presentes, tendo com instância deliberativa uma assembleia geral. O LACAF e o Cepagro, que assinou o contrato de utilização do Box com o Ceasa, seguem atuando enquanto parceiros na equipe de coordenação do Box. Tanto os custos de condomínio quanto a contratação de um gestor operacional deverão ser bancados por seus próprios usuários.

Com circulação anual de 400 mil toneladas, principalmente de hortifrutigranjeiros e frutas, que somam uma movimentação de R$ 444 milhões ao ano, o CEASA/SC será pioneiro na cessão de um espaço exclusivo para produtos agroecológicos. Outras centrais possuem iniciativas semelhantes, porém de cunho privado, com interesses diferenciados do sistema cooperativo aqui proposto. Inicialmente, o Box catarinense não será utilizado para venda direta. O objetivo imediato é a utilização como um entreposto em lugar estratégico, em plena BR-101, bem próximo da entrada de Florianópolis. Desta maneira, pretende-se melhorar o abastecimento de feiras, restaurantes, pequenos e médios varejistas, compras coletivas e compras institucionais, especialmente as direcionadas à alimentação escolar.