Capacitar jovens do campo e da cidade para produzir fotos e vídeos sobre suas vivências agroecológicas, construindo a noção de que todas e todos são comunicadorxs: esta é a ideia do ciclo de oficinas de Comunicação Popular e Agroecologia Visual que o Cepagro está promovendo desde final de outubro. Através de um convênio com a University of British Columbia (Canadá) e com apoio da Inter-American Foundation, acontecem 3 oficinas sobre fotografia e audiovisual, com viés da Comunicação Popular, utilizando os equipamentos disponíveis, por mais simples que sejam. Como objetivo maior, está trazer mais visibilidade para práticas e experiências agroecológicas em contextos diversos: da universidade a escolas do movimento sem-terra, passando pela agricultura familiar de Santa Catarina.
A primeira oficina foi realizada nos dias 27 e 28 de outubro, no Centro de Ciências Agrárias da UFSC. Participaram estudantes de graduação e pós-graduação do CCA, além de técnicas do Cepagro. Durante a oficina do sábado (27/10), o fotógrafo Carlos Pontalti, que também é estudante de Agronomia, trabalhou conceitos básicos como luz, enquadramento e tipos de planos, além das possibilidades e limites dos equipamentos: das câmeras artesanais aos smartphones. No domingo, a sequência foi com o jornalista Fernando Lisbôa, que retomou os conceitos da fotografia agregando componentes específicos do audiovisual, como a captação de som e os tipos de planos para imagens em movimento.
Como prática, os/as participantes gravaram e começaram a editar projetos em audiovisual sobre temas de seu interesse. A dupla Andressa Ferreira e Aline de Assis, por exemplo, escolheu gravar um tutorial sobre compostagem doméstica. Já o trio Gisa Garcia, Karina de Lorenzi e Vinícius Cauê escolheram montar um mini-doc com entrevistas e imagens da Agroecologia no CCA.
Ainda num ambiente educacional, mas desta vez em parceria com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, a segunda oficina aconteceu na Escola 25 de Maio, no Assentamento Vitória da Conquista, em Fraiburgo. Durante os dias 8 e 9 de novembro, a turma de 15 estudantes de Ensino Médio (também da Escola 30 de Outubro, de Lebon Régis) e do Curso Técnico em Agroecologia produziu várias fotos retratando o dia-a-dia da Escola e suas práticas agroecológicas. Também gravaram e editaram 3 vídeos sobre sustentabilidade, cultura e protagonismo feminino na agricultura familiar, utilizando os próprios celulares. As temáticas foram escolhidas e construídas por elxs a partir de perguntas como: O que é Agroecologia pra ti? O que queremos comunicar?

As fotos produzidas pelxs jovens viraram cards com lemas que valorizam diversos aspectos das escolas do MST, como a cultura, a educação e a agroecologia. “Queremos mostrar que somos muito mais do que resistência, temos também arte e cultura”, afirma a professora Sandra Formagini, que trabalha na escola de Lebon Régis e participou da oficina. O diretor da escola, Agnaldo Cordeiro, considera que “sair da rotina e ampliar a dimensão da comunicação atrelada ao debate político é muito pedagógico e importante”. Além disso, ele compreende que a Comunicação é fundamental para a  “formação de filhos de camponeses sobre uma proposta para o campo voltada à Agroecologia, com reconhecimento e valorização dessas práticas”.

A próxima e última oficina do ciclo será em Santa Rosa de Lima, no início de dezembro. Participarão agricultores e agricultoras do Núcleo Litoral Catarinense.