O vazamento de uma usina de agrotóxicos da companhia norte-americana Union Carbide na cidade de Bophal, na Índia, no dia 3 de dezembro de 1984 ficou marcado como o Dia Mundial da Luta contra os Agrotóxicos. Calcula-se que 3 mil pessoas morreram intoxicadas só neste dia, outras 15 mil nos meses seguintes, além de 300 mil intoxicações. Mais de 30 anos depois, estima-se que 2 a 3 pessoas morram semanalmente ainda em decorrência do desastre.
Em  Florianópolis, o Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos promoveu neste 3 de dezembro o debate e a reflexão sobre nosso modelo de produção de alimentos, entre os venenos e a agroecologia.
Às 10h aconteceu no Largo da Catedral uma roda de conversa sobre CONSUMO AGROECOLÓGICO, com a participação do Assentamento Comuna Amarildo de Souza, LACAF, Cepagro e Revolução dos Baldinhos. Durante as discussões, ficou clara a importância de promover mais conscientização junto a consumidores e consumidoras para que optem por alimentos orgânicos quando possível, além da necessidade de promover a reforma agrária. “Nossa proposta como assentamento sempre foi produzir alimentos saudáveis a um preço justo para a população. “A Agroecologia em escala é possível. Mas é preciso ter Reforma Agrária”, disse o assentado Fábio Ferraz, presente ao evento.
A partir das 16h, na Câmara de Vereadores, foi realizada uma palestra com o Dr. Pablo Moritz, haverá uma palestra com o médico Pablo Moritz, do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC) e a solenidade de entrega do Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) – um amplo estudo científico que trata dos impactos dos agrotóxicos na Saúde – para os representantes do Legislativo Municipal.
Segundo o Dossiê Abrasco, no Brasil – que pelo décimo ano consecutivo lidera o ranking de maior consumidor de agrotóxicos no planeta – 64% dos alimentos estão contaminados por agrotóxicos, foram registradas 34.147 notificações de intoxicação por agrotóxicos de 2007 a 2014, houve 288% de aumento do uso de agrotóxicos entre 2000 a 2012. Apenas em 2014, o faturamento da indústria de agrotóxicos no Brasil foi de U$12 bilhões.
As mobilizações terminaram às 17h, em frente à Catedral, com uma aula pública de Rogério Dias, da Associação Brasileira de Agroecologia, sobre os retrocessos que o Projeto de Lei 6299/02, conhecido como o “PL do Veneno”, representa. Durante o evento, Rogério Dias chamou a atenção para que a sociedade civil pressione o Legislativo pela aprovação em Comissão Especial de outro projeto de Lei, o 6670/16, que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA).  Enquanto o PL do Veneno já foi aprovado em Comissão Especial e agora segue para votação na Câmara dos Deputados, a PNARA ainda não foi avaliada pela mesma Comissão Especial. “Não podemos deixar que o PL do Veneno siga para a votação em Plenário sem que a PNARA vá também. Ela representa o contraponto à flexibilização do uso de agrotóxicos que o PL 6299 quer instituir”, afirma Rogério.
*ATUALIZAÇÃO: a PNARA foi aprovada em Comissão Especial no dia 4 de dezembro, seguindo agora para votação em Plenário.