Sábado, 29 de junho, foi dia de balbúrdia no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina. Cerca de 600 pessoas passaram pelo centro de ensino no bairro Itacorubi, em Florianópolis, para prestigiar a primeira edição do CCA de Portas Abertas. Além de oficinas, minicursos, mostras científicas e visitação, o evento trouxe para a universidade uma feira agroecológica com produtos de famílias da Rede Ecovida, assentados da Reforma Agrária e da Comunidade Guarani Mbya de Major Gercino.
“Esse é o tipo de balbúrdia que nós temos que fazer, é a melhor forma de mostrar o que é feito dentro da universidade”, disse o pró-reitor de extensão da UFSC, Rogério Cid Bastos, durante a abertura do evento. Esse foi o objetivo do CCA de Portas Abertas: trazer a comunidade para dentro da universidade e apresentar as pesquisas, projetos e experiências que são realizadas. 

Durante a abertura também estavam o diretor do CCA, Walter Quadros Seiffert, o vereador egresso do curso de Agronomia, Marcos José de Abreu “Marquito”, além da professora do departamento de Zootecnia, Procássia Maria Lacerda Barbosa e a servidora da direção do CCA, Aline Cardozo Pereira que estavam na comissão organizadora. Todos eles/as frisaram a importância de dar continuidade ao evento, que tem a proposta de acontecer uma vez por semestre.
Foram mais de 40 atividades, entre elas contação de histórias, curso de comportamento e bem-estar de cães, oficina de hortas em pequenos espaços para crianças, visitas guiadas à Horta Orgânica do CCA, atividades culturais e uma oficina de compostagem organizada pelo Cepagro. Para as atividades do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos faltou mãos e tempo para dar conta da presença de tantas crianças interessadas.
“O que mais chamou a atenção foi a quantidade de famílias. Vieram muitas famílias com crianças, foi lindo. Tinha crianças que nunca tinham entrado no CCA e adultos que achavam que era um parque. Cumpriu mesmo o objetivo de abrir o CCA para o pessoal conhecer, e conhecer até os cursos”, comemora Aline Cardozo Pereira. Ela conta que, apesar das incertezas para esta primeira edição, o evento foi organizado com muita união. Houve o envolvimento de servidores, da direção do centro, de professores e o apoio do Cepagro na organização da feira, estrutura e divulgação do evento.
Mara Virginia Galvan, que é técnica em enfermagem e cursa Nutrição na UFSC, fez questão de comparecer com o filho ao evento. Ela aproveitou a oficina de compostagem para introduzir o tema a ele: “Me interessa bastante esse tema de fazer a compostagem e de nutrir o próprio alimento, porque hoje em dia a gente come mas não sabe se o alimento que tu come tem realmente os nutriente necessários. Eu achei a oficina superinteressante e bem informativa”.

Muitos voltaram para casa com mudas de flores nas mãos. Os/as alunos/as das disciplinas de paisagismo e floricultura do curso de Agronomia decidiram distribuir para a comunidade as mudas produzidas ao longo do semestre. Para o professor destas disciplinas, Enio Luiz Pedrotti, a intenção foi “mostrar para a comunidade como a universidade pode trabalhar de uma forma bem organizada e em contato com a comunidade, ao contrário do que tenta dizer o nosso governo de que a universidade é uma balbúrdia e que ninguém faz nada na universidade. A gente está mostrando o pouquinho que a gente sabe fazer e a gente sabe fazer muito mais coisas”, disse Enio.
O CCA de Portas Abertas foi uma oportunidade tanto para a comunidade externa se aproximar do espaço universitário, quanto para os estudantes reafirmarem o conhecimento que estão produzindo. Ao lado dos agricultores agroecológicos, os graduandos em Agronomia, Gustavo Abad e Teresa Marcon, estavam presentes na feira agroecológica comercializando pela primeira vez os alimentos cultivados na Fazenda Experimental da Ressacada através do projeto de Sistema Agroflorestal, do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEAp)
Gustavo e Teresa falaram da importância do contato entre consumidor e agricultor na feira e do evento abrir as portas para as experiências universitárias. “Esse espaço é bem importante porque é aqui que a gente vai mostrar pras pessoas como a gente pode produzir de uma forma diferente”, disse Teresa Marcon.

O evento, por fim, ganhou menção honrosa no Conselho Universitário da UFSC (CUn). Na avaliação da professora Procássia Maria Lacerda Barbosa, o primeiro CCA de Portas Abertas foi além das expectativas: “o que mais me impressionou foi o número de público realmente interessado em absorver algum conhecimento, ou seja, a Universidade sempre vai passar isso para a sociedade, “O lugar onde se gera o conhecimento”. O desejo para as próximas edições é que haja ainda mais envolvimento da comunidade universitária do CCA.