Na última quinta-feira, 28 de novembro, foi realizada a última atividade na Horta Pedagógica da Escola Professor Tercílio Bastos, no Pinheiral, em Major Gercino. E para enriquecer ainda mais os aprendizados obtidos ao longo de todo o ano letivo, os estudantes encerraram as atividades visitando a propriedade de agricultores da região. A atividade compõe o projeto Iniciativas Sócio-Ambientais e Educativas em comunidades rurais, apoiado pelo Instituto das Irmãs da Santa Cruz. 

Foram realizadas duas visitas, começando pela propriedade da família Stolarczk, onde Dona Salete e Seu Aloísio cultivam uvas biodinâmicas e produzem sucos e vinhos orgânicos. Mas antes de conhecer os parreirais da família, os(a) estudantes aprenderam o funcionamento de um Biodigestor. A estrutura foi implantada como uma ação do mesmo projeto, que envolveu além da escola, famílias agricultoras do município, visando promover a Agroecologia.

Seu Aloísio explicou todo o processo de transformação do esterco das vacas em adubo e gás de cozinha. Ele contou que o equipamento produz em média o equivalente à 3 botijões por mês e que o investimento a ser feito para a sua implantação pode ser recuperado em 2 anos. O agricultor conta que apesar de ser um sistema simples, vale muito à pena. Depois das dúvidas sanadas, as turmas seguiram para o parreiral da família. 

Lá, eles puderam entender um pouco melhor como produz quem não utiliza agrotóxicos, prática que foi bastante trabalhada pelo técnico de campo e educador do Cepagro, Henrique Martini Romano, durante as atividades na horta. Henrique conta que um dos objetivos com a visita foi justamente apresentar para os estudantes, alternativas de trabalho e renda no campo.
Em seguida, Dona Salete mostrou os preparados biodinâmicos que ela usa para fertilizar as parreiras de uva. Como todos os ingredientes utilizados são inofensivos para a saúde, diferente dos agrotóxicos que a família deixou de usar há mais de 10 anos, os alunos puderam ver de perto e ajudar a fazer as misturas a base de melado, chá, leite e outros ingredientes naturais. Tudo para deixar as uvas mais bonitas, saudáveis e saborosas sem agredir a saúde do solo, dos agricultores e dos consumidores.

E antes de retornar para a escola, a turma tomou um lanche com os sucos da família Stolarczk e pratos preparados pela cozinheira da escola, Roseli S. Scheidt. Roseli conta que a experiência com a horta agroecológica não foi boa somente para os estudantes, mas para ela também, que pôde cultivar alimentos e temperos que nunca havia cultivado antes. Ela também disse que gostou de aprender a preparar pratos com cogumelo e de poder cozinhar com alimentos saudáveis vindos da horta da escola.
A escola já contava com uma horta, mas ainda não com uma proposta agroecológica. a Diretora Fabiane Laurindo Motta conta ter notado uma grande diferença: “os canteiros estão cheios, a horta está produzindo e a gente tem visto que os canteiros estão mais nutridos”. Além disso o projeto contribuiu com a aprendizagem, principalmente pelo caráter rural da escola. “É fundamental que as nossas crianças e adolescentes tenham contato com a agricultura, com o cultivo das hortaliças, com a manutenção do solo, porque é algo que eles podem levar para os seus pais e familiares e adotar esse tipo de cultivo nas suas hortas também”, disse Fabiane.

Além da diretora, o professor de ciências Izair Knaul deseja que o projeto tenha continuidade no ano que vem. “O trabalho que o Henrique desenvolve aqui vem colaborar muito com a prática e isso é importante porque acaba reforçando a teoria, o diálogo que acontece é super interessante”, afirma Izair. Relações e ciclos ecológicos foram alguns dos conteúdos trabalhados em aula que se tornaram mais visíveis na horta, segundo o professor.

No período da tarde, as turmas do 6º e 7ª ano foram conhecer os cultivos de shimeji do fumicultor aposentado Paulo Gazdzcki. Com a visita, os alunos e alunas viram em escala maior, a experiência com o cultivo de cogumelos feita na escola. Paulo é avô de um dos estudantes e cultiva cogumelos há um ano. Ele transformou a antiga estufa de fumo em um ambiente agradável para o cultivo dos fungos e atualmente colhe cerca de 5kg por semana.

Depois das visitas, as turmas ainda voltaram para a escola e começaram a preparar os canteiros para o período de férias, quando as atividades serão interrompidas. Sobre esse ano de projeto, Henrique conta que além de trabalhar muitos conteúdos e conhecimento, foram desenvolvidas também habilidades e, o mais importante, muitos valores. “Esse cuidado com a terra e essa observação do ciclo de vida de uma planta e dos insetos que aparecem, as borboletas e as abelhas, isso traz um encantamento com a natureza e esse encantamento gera uma relação de mais respeito e de mais cuidado com a natureza. Isso pra mim é a maior contribuição da horta nas escolas”, diz Henrique.

E para encerrar também as atividades do projeto apoiado pelas Irmãs da Santa Cruz como um todo, será realizado o Seminário Caminhos Agroecológicos: alimentos saudáveis nas escolas e comunidade, nesta sexta-feira, 6 de dezembro. O Seminário irá promover o inverso e trazer as famílias agricultoras para dentro da Escola Professor Tercílio Bastos. O evento é aberto à quem quiser participar e conhecer a produção agroecológica na região, além de ouvir dos próprios estudantes a sua experiência com a horta escolar.
Para saber mais sobre esse evento acesse: http://bit.ly/34Rlg11.