Através do projeto Saberes na Prática em Rede, apoiado pela IAF, o Cepagro participou, junto com as organizações CETAP (RS), APA-TO (Tocantins), Campesino (México)APRO (Paraguay)Minka (Perú)Fundesyram (El Salvador), do X Congresso Brasileiro de Agroecologia, realizado em Brasília de 12 a 15 de setembro de 2017. Quase 5 mil pessoas participaram do evento, cuja próxima edição será em Sergipe. Clique aqui para ver a Carta do Cerrado resultante do evento.

Aprendizados e trocas de experiências marcaram a participação da comitiva no evento, além de uma reunião com coordenações de Agroecologia do Ministério da Agricultura e da Secretaria Especial da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD). Durante o CBA, as organizações também construíram uma agenda de atividades conjuntas, sendo que o próximo encontro destas será em Trujillo (Perú), durante o Festival Agroecológico organizado por MINKA.

Clara Nichols, diretora da Sociedade Científica Latino-Americana de Agroecologia (SOCLA), discursa na abertura do X CBA.

A conversa com as coordenações de Agroecologia do MAPA e da SEAD foi no dia 14 de setembro. Na esteira de um processo de negociação para equipar mecanismos de certificação de alimentos orgânicos entre Brasil e Chile, Virgínia Lira, coordenadora de Agroecologia e Produção Orgânica do MAPA, afirmou que “buscamos com esta conversa ter novas idéias para integrar as legislações dos países e facilitar a circulação de produtos orgânicos”. Participaram, além das organizações do projeto Saberes na Prática em Rede, representantes de Honduras e do Uruguay.

Pela vida da Terra, Agroecologia!

A 10ª edição do  CBA teve forte presença de movimentos sociais, que ocuparam o palco da abertura do evento.  Muito além de um nicho de mercado, reafirmou-se ali a Agroecologia como fundamental para a nossa saúde, bem viver e sobrevivência.

Cepagro e Fundesyram compartilham experiências em Agricultura Urbana

No primeiro dia de evento, os engenheiros agrônomos Karina de Lorenzi e Ícaro Pereira apresentaram o Ciclo de Oficinas Saber na Prática na Tenda de Conhecimentos. Mais de 2.600 trabalhos foram inscritos no Congresso.

Karina de Lorenzi também apresentou a metodologia de hortas pedagógicas do Cepagro numa roda de conversa sobre Agricultura Urbana durante CBA. Na mesma atividade, a socióloga Janaína Santos, da Associação de Apoio as Comunidades do Campo do Rio Grande do Norte, falou sobre a reaplicação da tecnologia social da Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura Urbana em Macaíba (RN), realizada ali pela Revolução dos Baldinhos e Cepagro com apoio da Fundação Banco do Brasil. No compartilhar de experiências também do RJ, MG e SP, enfatizou-se o caráter politico e de resistência que a ocupação de espaços urbanos com práticas agrícolas representa, juntamente com os benefícios ambientais e para a segurança alimentar das comunidades. Destacou-se também o protagonismo feminino nas experiências. Como disse Janaína Santos, “se sem Feminismo não há Agroecologia, parece que Agricultura Urbana também não”.

A metodologia Cepagro de hortas pedagógicas também foi compartilhada com as organizações parceiras latino-americanas.

Karina apresentando a metodologia de hortas pedagógicas para um grupo de pessoas

Israel Morales Ayala, da organização FUNDESYRAM, de El Salvador, também apresentou a experiência deles com hortas urbanas, escolares e terapêuticas. Um dos diferenciais do trabalho da FUNDESYRAM é a EXTENSÃO COMUNITÁRIA, em que cada família que recebe uma capacitação em agricultura urbana repassa estes conhecimentos a outros cinco vizinhos.

Participaram da atividade coordenada pela professora Juliana Luiz coletivos de agricultura urbana da Argentina e de Minas Gerais, além do Ponto de Cultura Iacitata (PA) e a “madrinha do Coletivo Nacional de Agricultura Urbana” Maria Emília Pacheco, representando o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional. Ela afirmou que, além de ressignificar a cidade também como produtoras de vida e não só de resíduos, a Agricultura Urbana também movimenta o debate sobre direito à cidade.

Sem Feminismo, não há Agroecologia

O lema reafirmou-se em diversas rodas de conversa, painéis e até numa marcha durante o X CBA. Enquanto a expropriação violenta de territórios pelo agronegócio e projetos de “desenvolvimento” impactam primeiramente as mulheres, elas também são as mais resistentes a essas agressões. Neste sentido, reafirmou-se no primeiro dia do CBA: SEM FEMINISMO, NÃO HÁ AGROECOLOGIA. Na mesa que reuniu movimentos sociais, acadêmicas, agricultoras, estudantes e militantes, Michela Calaça, do MMC, denunciou o desmantelamento de políticas públicas voltadas às mulheres e o impacto negativo das Reformas do governo Temer para elas. Junto com ela, Maria Verônica Santana, do MMTR, ressaltou a importância da auto-organização das mulheres para enfrentar o machismo, o racismo e a violência patriarcal. Como disse a agricultora feminista e negra Luiza Cavalcante, da REGA, “um dia a roda grande vai passar por dentro da roda pequena. E a roda grande é a força das mulheres unidas”. Na sala que ficou pequena para as 160 pessoas que participaram da atividade, foi lançada a Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico, articulada por diversas organizações, redes e coletivos feministas e agroecológicos.

Articulações feministas no X CBA
mulheres marchando com cartazes no X CBA
mulheres reunidas com as mãos pro alto
Rede Catarinense de engenhos de farinha presente no X CBA

A riqueza da sociobiodiversidade agroecológica ​

A Rede Catarinense de Engenhos de Farinha e as Fortalezas do Butiá e do Pinhão mandaram representações ao X Congresso Brasileiro de Agroecologia.

Facilitação Gráfica

Ao longo das atividades, artistas (ou seriam muralistas) faziam anotações e desenhos em painéis: eram xs profissionais de facilitação gráfica em ação. Criada como uma ferramenta de sistematização visual, a facilitação gráfica gerou belíssimos e ricos painéis-resumo das discussões realizadas ao longo do CBA.

painel de facilitação gráfica
painel de facilitação gráfica
painel de facilitação gráfica