Da terra pra cesta, da cesta pra mesa. É assim que os alimentos produzidos no Sítio Florbela chegam aos consumidores: através de cestas agroecológicas entregues semanalmente, uma dentre as diversas formas de comercialização direta da Agricultura Familiar Agroecológica. O modelo funciona como uma espécie de assinatura, onde os consumidores pagam por mês para receber semanalmente cestas de alimentos diversificados, da época e certificados pela Rede Ecovida de Agroecologia.

Este é o principal canal de comercialização do casal de agricultores Elaine Vargas Guimarães e Sérgio Machado Araújo, proprietários do sítio Florbela, no Sertão do Ribeirão, em Florianópolis. Atualmente são entregues 20 cestas por semana, sendo eles dois os responsáveis pela colheita e montagem.

Eles participam do projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos, desenvolvido pelo Cepagro em conjunto com 7 organizações parceiras. Ao participar do projeto, Sérgio, Elaine e outras dezenas de agricultores e agricultoras irão nos ajudar a estabelecer indicadores sociais, econômicos e ambientais que meçam a sustentabilidade da agricultura familiar agroecológica.

A comercialização é um dos indicadores do projeto e pode informar, por exemplo, por onde e como estão sendo escoados os alimentos agroecológicos. Quais agentes estão envolvidos nesse processo? São arranjos intrincados ou cadeias curtas de comercialização? Qual a importância das formas não monetárias de comércio para as famílias agricultoras? E ainda, como os agricultores valoram a relação direta com os consumidores?

Com isso, queremos saber quais são as fortalezas e os gargalos da relação produção-consumo na Agroecologia e que tipos de incentivos são necessários para aprimorá-la.

Para Elaine e Sérgio, as cestas proporcionam uma relação mais próxima e de maior confiança com os consumidores.

Além da venda garantida, o que facilita o planejamento de produção, elas possibilitam escoar a diversidade produzida no sistema agroflorestal. Na outra ponta, os consumidores têm acesso a uma diversidade de alimentos limpos, de boa procedência e socialmente justos. “É uma relação muito gratificante porque é um contato muito direto. A gente procura sempre manter os nossos consumidores bem informados, explicando como se cultiva, quais são os alimentos da época. Percebemos que existe uma proximidade e uma interação e a gente quer cada vez mais tornar esses laços mais próximos”, conta Elaine.

Além das cestas, o casal também prioriza a comercialização para projetos sociais como a Ação Solidária Covid-19, iniciativa que o Cepagro vem desenvolvendo desde outubro de 2020. O Sítio Florbela forneceu para a Ação desde o seu início até março de 2021 e novamente agora em janeiro e fevereiro de 2022. O fornecimento para a Ação foi importante pois coincidiu com o período de recesso das cestas, assim os alimentos ganharam um destino e não se perderam.

O projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos tem o apoio da University of British Columbia (UBC) e Fundação Inter-Americana (IAF) e é desenvolvido de forma coletiva com outras organizações do Brasil, Paraguai, Equador, México e El Salvador.