Dando continuidade ao trabalho iniciado em 2020, o Cepagro retoma as atividades de educação ambiental por meio das hortas pedagógicas em três escolas municipais de São José, na Grande Florianópolis. É o projeto Educando e Transformando com a Horta, aprovado na 8ª edição do programa Educar para Transformar do Instituto MRV.

Nos próximos dois anos, além do Centro Educacional Municipal (CEM) Santa Terezinha e Escola do Mar Flavia Scarpelli Leite, que já vinham participando da primeira edição do projeto, a CEM Prof. Amélia Inácia de Medeiros Ludwig também receberá visitas quinzenais dos agrônomos e educadores do Cepagro, Karina S. de Lorenzi e Henrique M. Romano, que trabalharão com alunos do ensino fundamental.

E foi sob muitos sorrisos e alguns olhares curiosos que a novidade foi recebida em sala de aula na última semana. Além de apresentar o projeto para as novas turmas, Karina e Henrique iniciaram o planejamento do ano letivo com alunos/as e professores/as. Na metodologia do Cepagro, as hortas escolares são pedagógicas desde o seu início, os estudantes participam ativamente de todo o processo, desde a escolha do local onde será instalada a horta, até das espécies que serão cultivadas nela.

Karina e Henrique a frente da sala de aula falando com alunos do 7º ano.
Karina ao lado de dois alunos e uma aluna no pátio do Centro Educacional Municipal Santa Terezinha

“Quando eu soube que o projeto ia continuar eu fiquei muito animada, porque se no ano passado já foi bom, imagina esse ano. A gente aprendeu sobre as plantas, os animais, a fazer compostagem, fizemos jardim, horta. E esse ano a gente quer aprender ainda mais”, contou a estudante do CEM Santa Terezinha, Kamylla de Freitas, que agora está no 6º ano.

Aluna al lado do quadro em sala de aula. No quadro há uma lista de espécias de frutas e hortaliças.
Henrique ao lado de dois estudantes no jardim da escola
Roda de alunos sentados no chão da quadra da escola

Durante a conversa, os alunos lembraram dos aprendizados do ano passado: como a classificação dos alimentos (in natura, processados e ultraprocessados), a época de plantio de diferentes espécies, receita de pizza e a fazer compostagem. A aluna Maria Eduarda S. Gonçalves, por exemplo, começou a fazer compostagem em casa depois de ter repassado o que aprendeu na escola para a mãe.

Além disso, os estudantes já trouxeram novas ideias do que pode ser feito esse ano. Alguém diz que gostaria de fazer canteiros com espécies de outras regiões para assim poder experimentar receitas de diferentes culturas. Outra sugere enviar sementes colhidas na horta para alunos e alunas das outras escolas participantes do projeto.

Metodologia das Hortas pedagógicas

O trabalho com as hortas pedagógicas é baseado em três eixos: Compostagem, Agroecologia e Educação Alimentar, sempre atrelando as atividades da horta com os conteúdos trabalhados nas disciplinas do currículo escolar. Karina e Henrique contam que um dos primeiros trabalhos que desejam realizar nas escolas este ano é a reciclagem dos resíduos orgânicos com a implementação de composteiras. A ação requer envolvimento e mudança de hábito de toda a comunidade escolar, não só alunos e professores, mas nutricionistas, cozinheiras, agentes de limpeza e direção.

O professor Moisés Ubiratã Schmitz Nunes, que leciona ciências na escola CEM Prof. Amélia Inácia de Medeiros Ludwig, conta que a escola não possui laboratório de ciências, somente de informática, “então a horta vai se tornar um laboratório e nós vamos poder fazer vários links com os conteúdos exigidos”.

Karina e Henrique conversam com professor Moisés e diretora Juliana em mesa oval.

Para a auxiliar de serviços gerais Adriana, conhecida por todos no CEM Santa Terezinha como Nana, o projeto trouxe mais autoestima para os alunos. “Quando a gente ficou sabendo que o projeto ia ter continuidade eu fiquei muito feliz, porque eu tenho filhos que estudam aqui e a gente percebe que o sorrisinho deles muda. Por a nossa escola ser rural e a gente ficar tão distante, eu acho que eles se sentiram com um poder a mais. E nós temos um pátio que é a coisa mais linda e é legal que foi utilizado para uma coisa muito importante. A nossa horta ali atrás ficou maravilhosa e a nossa escola ficou mais linda do que já é”.

E assim o projeto segue, transformando maneiras de ensinar e aprender, de se alimentar e se relacionar com o meio ambiente. E também transformando a própria paisagem escolar. Até o final de 2023, deve envolver ao todo cerca de 1500 pessoas, entre profissionais e estudantes. E uma novidade desta edição é que serão oferecidas oficinas para as comunidades onde os centros educacionais estão inseridos com a intenção de aproximar familiares e fortalecer os vínculos entre escola e comunidade.

Turma do 6º anos do Centro Educacional Municipal Santa Terezinha